sábado, 11 de março de 2017

Loma del Pliegue Tumbado

Planejamento:
Parte do meu planejamento, detalhado aqui, foi, obviamente, buscar trilhas na região de El Chaitén. Coletei material em páginas dedicadas ao assunto, procurei por posts em blogs, fóruns e grupos do Facebook escritos por quem já tivesse feito, esmiucei o Wikiloc. Encontrei muita informação a respeito da Laguna Torre (e um pouco menos sobre o Mirador Maestri), sobre a Laguna de los Tres e sobre as trilhas menores, como o Mirador de los Cóndores y las Águilas e Chorrillo del Salto.
Vi algumas poucas referências sobre Loma del Pliegue Tumbado, mas o pouco que eu li a respeito e as fotos que eu vi do lugar me convenceram de que seria um de meus destinos obrigatórios. Também consegui o tracklog desta trilha, com alguma facilidade. No hostel, conversei com uma menina (namorada de um dos recepcionistas), que havia feito recentemente e me mostrou outras fotos bem bonitas e que me recomendou ir em um dia com o céu bem aberto. Isso é um pouco de questão de sorte na Patagônia, mas a regra é: se acordou e o dia está aberto, comece a caminhar.

No dia:
Eu cheguei em El Chaitén no dia 21/02, e, por ter apenas meio dia disponível, aproveitei para fazer a Laguna Torre - apesar da distância, não é uma trilha difícil de ser feita, então eu não precisaria queimar um dia inteiro para ela. No dia 22/02, escolhi a Laguna de los Tres, por ser a trilha mais importante e famosa entre os turistas da região. No dia 23/02, além do meu cansaço, havia diversas nuvens cinzas e pretas no céu pela manhã, de forma que preferi não arriscar uma trilha mais longa, queimando o dia - que, ao final, se abriu e revelou maravilhoso. No dia 24/02 tive a mesma sorte do dia 22/02: um dia perfeito desde suas primeiras horas.
Parti para a caminhada, que se inicia próxima à guarita do Parque Nacional. O início da trilha é o mesmo do Mirador de los Cóndores y las Águilas, porém logo há uma bifurcação, onde tomo à direita. Também à direita segue a trilha para Laguna Toro, uma caminhada de dois dias, com registro obrigatório, que por desconhecimento e falta de preparo físico eu tive que deixar para uma próxima. As duas trilhas compartilham as duas primeiras horas de caminhada, havendo uma bifurcação (bem definida) a seguir (Laguna Toro à esquerda e Loma del Pliegue Tumbado à direita). Diferentemente das outras trilhas que eu havia feito, que eram em sua maior parte planas com trechos bastante íngremes, a Loma del Pliegue Tumbado era inteira íngreme. O esforço não é absurdo (como o final da Laguna de los Tres, por exemplo) pelo fato de a subida ser muito bem distribuída em toda sua extensão. Mas, ainda assim, são 11 km de trilha, em ascensão constante! O início da trilha está a 346 m do nível do mar e o finalzinho a 1.532 m (Confira o tracklog aqui).

A trilha:
A trilha é bem delimitada, mas, ao contrário das outras em El Chaitén, não conta com placas indicando a quilometragem. Tem menor disponibilidade de água do que as outras que eu fiz, também, mas ainda permite reabastecer os cantis em três diferentes momentos, sendo o segundo e o terceiro bastante próximos, em cerca de 65%-70% do percurso. Aproveite para pegar água sempre que for possível!
O início da trilha é bastante exposto, em pasto. Desde muito cedo já se tem vistas incríveis! Após cerca de 3 km, entra-se em um bosque, por onde se caminha mais tranquilamente devido à sombra. No início desse bosque, há o primeiro ponto de água corrente disponível. O trecho por dentro do bosque é bastante grande, chegando a assustar um pouco. A última parte da trilha volta a ser aberta (pasto), inclusive com uma placa informando sobre a possibilidade de se cruzar com vacas selvagens e como lidar com elas! Durante boa parte do caminho, pode-se ver o Fitz Roy. Nunca me pareceu tão próximo, nem mesmo do mirante da Laguna de los Tres! Por um tempo consideravelmente longo, a sensação que eu tinha era de que em poucos minutos eu colocaria os pés no Fitz Roy… claramente isso não aconteceria, pois para se chegar até sua base é necessária uma “trilha” selvagem e não demarcada que dura de 3 a 4 dias, sendo que somente escaladores e outros exploradores conseguem autorização para fazê-la!

O final:

A vista lá de cima é algo de outro mundo. Foi, sem a menor dúvida, a paisagem mais bonita de El Chaitén. Pode-se ver o Cerro Solo, Cerro Torre (que tinha se escondido de mim no dia 21/02, o danado!), Laguna Torre, Fitz Roy, Laguna Capri, Lago Viedma… não deixe de subir ao mirante que fica próximo à placa indicando o final da trilha. Há uma trilha razoavelmente bem demarcada por ele, por onde dezenas de pessoas também passam. É um trecho mais perigoso e escorregadio, mas pode-se fazê-lo com cuidado e sem grandes inconvenientes ou surpresas. Eu subi em cerca de 30 ou 40 minutos. De seu topo, vista de 360 graus, inesquecível!
O retorno, apesar da quilometragem, foi bastante tranquilo e rápido de ser feito, sendo a maior parte (claro) dentro do bosque. Como anoitece bem tarde no verão de El Chaltén, não era problema passar pelo bosque no "final" da tarde (17h, 18h). Assim como do retorno de outras trilhas, é possível ver a cidade pequenininha ao fundo na paisagem!
Foi uma das trilhas que eu mais gostei de ter feito. Apesar de não ser a mais famosa ou visitada, seria a minha recomendação para um viajante que tivesse apenas um dia (inteiro!!) em El Chaltén.

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