sábado, 22 de março de 2014

Um fim de semana em Granada

Fui para Granada meio a contra-gosto, para falar a verdade. A cidade estava no meu plano inicial de viagem, por um período de dois dias. Porém, os dois dias que passei em Sevilla, imediatamente antes de ir para Granada, fizeram com que eu quisesse ficar mais tempo por lá. Todas as pessoas com quem conversei sobre o assunto se opuseram fortemente a isso: eu já havia conhecido bem Sevilla, não havia mais novidades por lá, seria somente um tempo a mais para passear à beira-rio e remar (esporte que eu adoraria ter praticado na Espanha e acabei não tendo oportunidade). Granada tinha um mundo novo a me oferecer, com seu espírito alternativo e a Alhambra. Como alguém pode ir pra Espanha pela primeira vez e não visitar a Alhambra?

Alhambras: a fortaleza e a cerveja
Deixei Sevilla na sexta-feira logo cedo, às 9h da manhã, de ônibus. Combinei com Lois, meu host, qu eu tomaria um circular da rodoviária até a Catedral e lá me encontraria com ele e a outra Couchsurfer, Luba, que chegaria cerca de quarenta minutos antes de mim. Assim foi feito. Fui bem recebida por eles, colocamos as mochilas (minha e da Luba) no carro do Lois e fomos almoçar do modo tipicamente espanhol: de bar em bar, pedindo uma ou duas cervejas em cada um, e comendo tapas - os tradicionais petiscos dados quando se paga por uma cerveja. Uns três bares depois, devidamente alimentados, Lois nos deu instruções de como chegar até a Alhambra e voltou para sua casa, com nossas mochilas.

Eu e Luba fizemos a visita. A entrada custa cerca de 15 euros, que achei bastante cara. Porém, o lugar é realmente incrível e imponente. Tem-se uma vista legal da cidade inteira e das montanhas, se o tempo colaborar e não estiver nublado. Os jardins me impressionaram mais do que o castelo. A quantidade de água por toda parte também - residência de verão da família real, em alguma data que não me lembro. Para se conhecer tudo, leva cerca de quatro horas ou pouco mais. O melhor da Alhambra, para mim, foi de graça: o belíssimo pôr-do-sol que pudemos ver ao descer da fortaleza. A única palavra que o define, porém ainda deixa a desejar, é "espetacular".

Pôr-do-sol visto da Alhambra
Entre a Alhambra e a casa do Lois, paramos em mais um bar, pois eu estava morta de fome. Pedi uma cerveja e um tapa, vieram dois de cada. Porém, como a Luba não estava com fome ou sede, fui obrigada a tomar duas cervejas e comer por duas. Dura vida, só que ao contrário.
Lois nos mostrou sua casa, o quarto em que cada uma dormiria, forneceu mapas da cidade, marcou os pontos de interesse para nós, deixou as cópias das chaves e partiu para um compromisso já marcado.

Eu tomei banho e fui conhecer a área de bares recomendada por Lois, incluindo um pub irlandês. Os pubs na Espanha são, em geral, tão fracos quanto os nossos: de irlandês, somente o nome, Guinness e Murphy's. Porém são em conta, possuem um ambiente legal e oferecem tapas. ;)
Uns dois bares depois, quase às 2h da manhã, voltei para casa. Sozinha, de madrugada, em uma cidade desconhecida, com a certeza de que nada de ruim poderia acontecer. A sensação de segurança, e a segurança que se tem de fato, são incríveis e vão deixar saudades.

No dia seguinte, Lois nos levou para tomar café da manhã enquanto aguardávamos seu amigo Manolo. Quando o time estava completo, saímos para explorar Granada, a pé. Visitamos a Catedral, a Mesquita, e caminhamos pelos famosos bairros de Albaicín e Sacromonte. Sacromonte merece menção honrosa: é um bairro vertical, de onde se vê a Alhambra de diferentes níveis e pontos de vista. Segundo a Luba, esse passeio merecia mais os 15 euros que pagamos para visitá-la por dentro.

Andrea, Lois e Luba
Sacromonte tem outra peculiaridade: grande parte de suas casas são cavernas. Há construções externas, de modo que quem vê por fora acredita ser um bairro comum. Mas, ao abrir as portas da frente de cada residência, tem-se um mundo diferente à espera. No alto do Sacromonte, adentramos uma das cavernas, que funciona como um bar e é de um amigo do Lois. Visitamos, tiramos fotos, e fomos para fora, onde nos sentamos com o dono para tomar umas cervejinhas e apreciar a vista privilegiada da Alhambra.

Findo o passeio, voltamos à região central da cidade para as cervejas e tapas de almoço, em diversos bares, como pede o código. Para manter a tradição, fizemos a siesta após o tour de tapas. Acordei quando a Luba foi se despedir de mim: estava indo para Málaga, umas 18h. Tomei banho, fui dar uma última volta pela cidade e conhecer os irish pubs que eu ainda não tinha visitado. Voltei para casa para pegar minhas coisas e me despedir do Lois e parti para a rodoviária para encarar meu próximo desafio: uma noite inteira viajando, com destino a Valencia.

quinta-feira, 20 de março de 2014

A Encantadora Sevilla

Reservei dois dias para passear por Sevilla, como mandam os blogs de viagem e os viajantes que já estiveram por lá. Voltei com a certeza de que gostaria de ter passado mais tempo na bela cidade (só não o fiz porque teria que remover Granada do planejamento), porém certa de tê-la conhecido muito bem.

Saindo de Madri, levei três horas e oitenta euros para chegar a Sevilla, quase no horário de almoço. Comi um salgado em qualquer lugar do caminho e fui deixar minhas coisas no hostel - o mais bonito e bem arrumado que já vi na vida - La Flamenka. O hostel é super bem localizado, na Calle de los Reyes Católicos. Perto do Rio, perto do centro, perfeito. Deixei minhas coisas e saí para passear.

La Flamenka Hostel
Fui caminhando pela margem do rio até o Parque Maria Luisa, que é fantástico. Nele, se localiza a Plaza de España, fantástico monumento capaz de consumir horas da sua visita, caso queira explorar os desenhos que simbolizam cada região da Espanha. Passei também pelo Prado de San Sebastián, um jardim que me impressionou mais pelos ambulantes do que por seu verde, honestamente - considere que minha viagem foi no inverno! Na volta, parei na Catedra e no Trinity Pub (em mais uma tentativa frustrada de encontrar minha querida Smithwick's). Voltei ao hotel para carregar o celular e me arrumar, e então fui encontrar o pessoal do Couchsurfing em um bar. Conversei com alguns locais e alguns estrangeiros, tomei algumas cervejas, mas estava bem cansada e fui embora cedo para aproveitar o dia seguinte.

Catedral de Sevilla, vista do La Flamenka
Em meu segundo dia em Sevilla, a primeira medida foi participar do Free Walking Tour, recomendadíssimo. Por quase três horas, andamos ao lado do guia Daniello, que já morou em Dublin e me deu a triste notícia: a produção de Smithwick's é pequena até para atender a Irlanda. Portanto, somente com muita sorte se encontra fora do país. Passamos pela Catedral, Alcazar, La Giralda, Torre del Oro, Puente de Isabel II - de lá, nos foi recomendado que visitássemos Triana, "o bairro do outro lado da ponte", habitado por ciganos no passado e com arquitetura bastante rica.

Plaza de España
Puente de Isabel II, vista longínqua de Triana
Ao final do tour, estávamos no Prado de San Sebastián - onde estava ocorrendo o Festival Internacional de la Cerveza. Provei uma Legado de Yuste, espanhola, e a Newcastle Brown Ale, recomendada pela minha chefe. Excelentes! Saindo de lá, voltei para o hostel fazendo um tour cervejeiro por pubs e pela Cervecería Internacional (uma das melhores que já entrei!), dormi por algumas horas e fui para um show de flamenco - minha última atividade em Sevilla, já que eu pegaria o ônibus para Granada no dia seguinte, logo pela manhã.

Newcastle no Festival Internacional de La Cerveza
O show me foi recomendado pelas donas do hostel, por ser gratuito e bem tradicional - e não um dos populares "pega turista". Contava com somente um rapaz tocando violão, outro cantando, e uma moça dançando e complementando a música com palmas. A duração era de quatro ou cinco horas, a casa estava cheia (porém ainda era possível caminhar por ela até o balcão e voltar), com boa oferta de mesas e bancos. O lugar se chama "La Carbonería", e eu recomendo fortemente. Trouxe bastante da tradição da Andalucia, foi uma experiência cultural muito bacana.
Flamenco - La Carbonería
Algumas pessoas haviam me dito para tirar Sevilla da lista de cidades a serem visitadas, pois eu só veria igrejas e prédios. Porém, apesar de elas terem uma certa razão, eu fiquei realmente maravilhada com a cidade, e gostaria mesmo era de ter ficado mais dias por lá. Não iria conhecer mais nada, de fato, mas teria mais tempo para caminhar às margens do rio, pedalar, remar, ou apenas sentar no Parque Maria Luisa, ou em alguma das pontes sobre o Rio Guadalquivir e meditar sobre a vida. Recomendo de verdade a visita a Sevilla!


terça-feira, 18 de março de 2014

Imigração em Madrid

Há muito tempo ouço que é difícil entrar na Espanha, principalmente se você for mulher, brasileira e solteira: é imediatamente confundida com prostituta.
Preparei toda minha documentação para provar que era turista e não queria me mudar para lá (mentira, claro que eu queria, mas não no momento): confirmação da passagem de volta, reserva de hostel, seguro de saúde, comprovante de que tenho um emprego no Brasil e renda suficiente para me manter durante a viagem, enfim, tudo o que poderia ser solicitado.

Ao chegar em Barajas e entrar na fila para controle de passaportes, vi várias pessoas sendo inicialmente barradas, e levadas para a salinha da entrevista. Quando chegou na minha vez, porém, foi tudo muito simples e rápido.

Andrea: Hola.
Polícia: Dónde vas?
Andrea: Madrid.
Polícia: Listo.

Nem nos hermanos Argentina e Uruguai eu havia entrado com tamanha facilidade e falta de palavras...

quarta-feira, 5 de março de 2014

Modelo de Couch Request

Faltam duas semanas para a minha próxima viagem internacional. Destino: diversas cidades na Espanha. Tenho, portanto, andado bem ocupada escrevendo Couch Requests. Não é como se você escrevesse para um hostel gratuito perguntando se existem vagas. Você está pedindo abrigo a um desconhecido. Você precisa convencê-lo de que valerá a pena hospedar você.

Isso exige um bom trabalho: procurar os perfis de couches disponíveis na cidade, ler para ver quais são parecidos com o seu (parecidos em valores, não necessariamente seu clone!), escrever mensagens personalizadas pra cada um e cruzar os dedinhos enquanto espera as respostas.
Já recebi uns pedidos bem ruins, de gente que obviamente só queria um teto gratuito. CS não é sobre dinheiro, é sobre troca.

Segue o primeiro pedido de couch que fiz, em minha viagem à Irlanda (2013). Ele foi aceito e foi publicado em um blog como "modelo de couch request" por um amigo da minha host (que acabou virando meu host também, pois dividi os cinco dias em dois blocos para não ficar muito tempo na casa de ninguém).

Parte pública (open request):
Hi!
I'm new to CS - just participated in some local meetings (Campinas, SP - Brazil), but I'm excited to host and surf this year.
I'm brazilian, 27, and I work as a software developer at IBM. In my free time, I like to travel, to drink some beer, to play chess... I'm open minded and easy going, like to meet new friends and to hang out with the old ones - some of my friendships are older than 20 yrs!

Mensagem personalizada couch request):
Hi Franziska!
I'm going to St Patrick's Festival and I'm looking for a couch, and that's how I found you. :)
I liked your profile specially because of climbing (I've started to climb last year, but I'm still a newbie), folk music (I like celtic music a lot!) and travelling experience. I think we share some common interests and it would be great to meet you!
Is your place available between March 14 and March 19? I'll travel in Ireland before that, probably arriving in Dublin on March 14. My flight back to Brazil is scheduled to March 19. I know that 5 nights might be a little too long, but it would be great if you could host me for 2-3 days.
I know it's kind of early to ask for a couch, but I saw that most of hotels and hostels are already occupied, therefore I'm seeing the available options (I'd rather be hosted at a CSer place or hostel, because I'm travelling alone this time and it would be great to meet new people).
Although I'd like to meet new people and hang out with them, I'm very independent and I can explore the city by myself. So, you don't need to worry about spending your time with me when you have to work or when you have your agenda unavailable. I can leave the flat in the morning when you're gone and get to know the city - it would also be great to talk in the evening.
Well, this is my very first couch request, so I hope not to have forgotten anything.
Thank you in advance!
Andrea

domingo, 2 de março de 2014

Delirium Red - o elefantinho rosa volta a atacar

As cervejas frutadas são tidas como cervejas para mulheres. Eu discordo levemente, principalmente após conhecer a Delirium Red.

Apesar de ser uma cerveja adocicada, com aroma e sabor de cereja, é uma strong beer com alta graduação alcoólica: 8%. Quando eu a comprei, na The Ale House (nos Jardins, em São Paulo), a vendedora (D. Maria, que me deu uma excelente consultoria e sabia falar sobre todos os produtos do cardápio e da loja!) me avisou para ter cuidado com a cerveja, que eu só deveria comprar se estivesse acostumada a cervejas fortes. I'm no Lagerboy, baby, I know what I'm doing here...

Gosto bastante das Ale, a Delirium nunca me decepcionou, e a única cerveja sabor cereja que eu havia tomado, a Floris Kriek, havia me agradado bastante.
Acredito ter sido uma boa escolha para encerrar meu domingo. Nota: 8.
Recomendo para: quem gosta de Ales e cervejas frutadas.
Não recomendo para: Lagerboys que não dispensam uma Skol geladinha, quem procura uma cerveja mais leve e feminina.