quinta-feira, 9 de março de 2017

Big Ice: Ice Trekking no Perito Moreno


Big Ice: informações iniciais e reserva

O passeio Big Ice: Ice trekking pelo glaciar Perito Moreno era um dos que eu estava mais animada para fazer. Havia lido bastante sobre ice trekking e sobre as diferenças entre o Big Ice (AR$ 4000) e o Mini Trekking (AR$ 2000), e estava bastante motivada a fazer a versão longa. Não à toa, reservei com a maior antecedência que me foi possível. O processo é feito via Internet, na página da Hielo y Aventura. Você faz uma pré-reserva com seu e-mail e recebe dois documentos para preencher, sendo um para os dados do pagamento e outro uma ficha médica.
O pagamento é feito com cartão de crédito de uma forma bastante suspeita: você preenche, no formulário, o número de seu cartão, data de validade e código de segurança, e envia para a empresa. Recomendo a utilização de um cartão virtual para isso (se o seu banco não provê isso, hora de mudar para um mais moderno!). Gerei no Itaucard um cartão exclusivamente para esse propósito e dormi com a tranquilidade de quem não terá o seu cartão clonados.
A ficha médica pergunta sobre alergias, diabetes, doenças cardíacas, epilepsia, desmaios e ausências, asma, hipertensão, cirurgias, medicações de uso habitual e várias coisas sobre ortopedia: coluna, joelhos, tornozelos e lesões de modo geral. A companhia se reserva o direito de recusar passageiros que porventura possam ter problemas durante a caminhada, que não é curta nem fácil.
Por falar em restrições, o Big Ice só é realizado entre os meses de setembro a abril, e somente para pessoas entre 18 e 50 anos, sem exceções. O Mini Trekking, realizado entre agosto e maio, é um pouco mais flexível, permitido a quem tenha entre 10 e 65 anos.

O que levar: roupa adequada (calça e jaqueta impermeáveis), bota de trekking, óculos escuros e protetor solar (o sol e a neve são uma combinação terrível!), luvas, gorro/chapéu, comida para o dia inteiro e água. Não precisa levar muita água, pois pode-se beber do glaciar!

No dia da excursão:

O transfer me buscou às 7h no hostel. Seguimos para o Parque Nacional Los Glaciares, cerca de uma hora de distância da cidade. A primeira parada é nas plataformas de observação do Perito Moreno, onde se tem de 40 a 60 minutos. Recomenda-se seguir o caminho demarcado em amarelo, chamado “Paseo Central”, devido ao pouco tempo disponível. Este caminho tem complexidade baixa e a duração estimada é de 1h. Na verdade, são apenas 700 metros de caminhada, que duram no máximo 15 minutos. O restante do tempo é dedicado a paradas para fotografia, observação do imponente glaciar e, com alguma sorte, de algum desprendimento de iceberg. Eu vi dois, mas foram pequenos e não muito emocionantes. O barulho dos icebergs maiores se desprendendo é simplesmente sensacional (mas infelizmente o ocorrido foi em faces do Perito Moreno que não tínhamos como observar).
De volta ao ônibus, a próxima parada é no pier “Bajo de las Sombras”, onde tem início a segunda etapa da excursão: uma navegação de 10 a 15 minutos que cruza o Brazo Rico. Começamos, agora, a terceira parte: uma caminhada, ainda fora do gelo, de cerca de 1h30, por um terreno tranquilo, porém bastante íngreme. No caminho, há duas paradas. A primeira em um refúgio, para que os guias se certifiquem de que todos os aventureiros possuem o equipamento adequado para seguir: botas, jaqueta, luvas e mochila. Eles emprestam caso alguém tenha se esquecido de algo, ou caso o material que apresente seja insuficiente. A segunda parada é numa cabana, já bastante próxima do glaciar. Lá, cada participante ganha uma cadeirinha de escalada/rapel e um par de crampones, que são estruturas metálicas com ganchos que ajudam a caminhar pelo gelo. Porém, devemos carregá-los nas mãos até chegar no gelo. Quem faz o Mini-Trekking inicia a jornada pertinho do ponto de desembarque, não fazendo essa pré-trilha de 1h30.
Uma vez que todos estejam no gelo, os guias começam a colocar os crampones em todo mundo e ensinam as técnicas básicas: como caminhar no plano, na subida e na descida, tomando cuidado para não enroscar um pé no outro. Nem preciso dizer que em menos de 5 minutos eu já tinha derrubado o celular no chão (quase que na água) e já tinha me atrapalhado com os pés, caindo de frente. O gelo corta muito, e por isso é bastante importante utilizar as luvas! Teria rasgado as mãos se estivesse sem elas.
Somos divididos em grupos de dez pessoas, com dois guias para cada. Diferentemente do Mini Trekking, que tem um percurso pré-definido, o Big Ice é decidido na hora, com base no que os guias observam da geleira e do grupo. O percurso dura cerca de três horas, com uma parada rápida para almoço. Durante o caminho, os guias vão nos explicando a história e a formação dos glaciares, as estruturas como lagoas, cavernas, sumideros, é bastante interessante!! Apesar de serem três horas de caminhada, o ritmo é bem tranquilo. Eu achava que seria pior do que isso, especialmente pelo uso dos crampones (cada um pesa 400g). O Mini-Trekking tem duração de 1h30 no gelo.
No retorno, é servido café com leite no refúgio, enquanto aguardamos a volta do barco. Já no barco, são oferecidos um alfaiar, um chaveiro que imita uma bota de trekking com crampon e um copo de whisky (infelizmente não me lembro qual whisky, mas era bom!) com gelo do glaciar. Voltamos ao ônibus e à cidade de El Calafate, sendo devolvidos nas respectivas hospedagens.

Já no hostel, conversei com um casal jovem de Comodoro Rivadavia que havia feito o Mini Trekking. Honestamente, pelas fotos eu não senti grandes diferenças em relação ao que eu tinha feito. Porém, quase todas as pessoas (exceto o casal) com quem eu conversei que haviam feito o Mini Trekking disseram ter achado meio fraco e gostariam de ter feito o Big Ice.

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